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sexta-feira, 16 de novembro de 2018

ECO E NARCISO - Adaptação: Nicéas Romeo Zanchett

                      

                Eco foi a ninfa fundamental na vida de Narciso. Ela era a mais formosa tagarela do Olimpo; uma ninfa e jovem mulher que os gregos antigos consideravam uma divindade menor e que imaginavam vivesse entre as selvas das montanhas. 
                  Quando algum deus se sentia entediado com a vida monótona que levava, mandava chamar Eco para que lhe contasse todas as histórias que só ela era capaz de inventar de improviso ali mesmo, na hora. Até o próprio Júpiter disso se aproveitava, com frequência, pois, quando o rei dos deuses tencionava realizar alguma incursão amorosa pela terra, a fim de distrair-se dos aborrecimentos e das preocupações que lhe causavam os deuses e os homens, mandava que Eco distraísse sua ciumenta esposa Juno. Esta ninfa operava verdadeiros milagres; Juno gostava muito dela e sentia prazer em sua companhia. 
                  Certa vez Júpiter deu uma de suas escapadas, mas demorou demais na terra, e a pobre Eco acabou ficando com seu repertório esgotado, pois não sabia mais que história ou mexericos contar e, por isso, passou a proferir coisas e contos sem nexo. Diante disso, a deusa Juno zangou-se e infringiu-lhe um terrível castigo; desde aquele dia, nunca mais poderia ser a primeira a falar, e somente poderia responder quando fosse interrogada. Em seguida Juno agravou-lhe a penalidade; em suas respostas a ninfa Eco deveria limitar-se a repetir a última sílaba da última palavra de que a interpelasse. Desta vez o castigo foi realmente duro, especialmente para aquela tagarela. Mas não foi só isso; seu sofrimento aumentou muito quando ela se apaixonou pelo belo Narciso. 
           Do deus Cefiso e da ninfa Liríope nasceu Narciso. Ela foi mostrada ao pai por uma jubilosa e exuberante ninfa. Muitas lendas gregas tem por objetivo a mitológica figura desse jovem, ao qual a própria extraordinária beleza foi causa de morte.
                Num certo dia Cefiso e Liríope levaram seu filho para consultar o adivinho Tirésias, para saber como seria o futuro de seu menino Narciso. O menino era vivo e belíssimo. Segundo os costumes da época os pais poderiam saber sobre o futuro dos filhos, ou até alguma coisa sobre seu futuro. É natural que todos os pais desejem felicidade para os filhos. 
                  Apos examinar os voos dos pássaros e o tremular das folhas beijadas pela suave brisa, apresentou-lhes uma profecia bastante ambígua e nada promissora.
                   O adivinho falou: - Este menino só viverá até o dia que conhecer a si próprio, isto é, até ver a própria imagem.
                    Mesmo inconformados e sem entender direito aquela profecia, voltaram para casa, onde  esconderam todos os espelhos e procuraram se acostumar com a ideia de um futuro obscuro para seu filho.
                 Com o passar dos anos Narciso tornou-se um belíssimo rapaz e muitas ninfas se apaixonaram por ele, mas este só pensava em caça e nos lindos bosques daquele lugar; nem olhava para as belas e apaixonadas ninfas que o seguiam. Também a ninfa Eco se apaixonou perdidamente pelo belo rapaz, mas não teve melhor sorte do que as suas companheiras. Ele, porém nunca soube que era tão belo porque não havia espelho onde olhar-se. Transcorria seu tempo caçando pelos bosques de suas montanhas e, ao atingir a adolescência, começou a ver em torno de si verdadeiros enxames de ninfas e de formosas raparigas mortais. Entre essas ninfas apaixonadas por Narciso, estava também a tagarela Eco, que era talvez a mais assanhadinha; esta ninfa, porém, enfastiava-o embora não parecesse bonita e um pouco calada demais.; é que perto dele ela se exprimia de maneira tão estranha, que este não conseguia compreendê-la. Narciso começou a irritar-se seriamente e,  para livrar-se dela, passou a maltratá-la. A pobre Eco sofria muito, pois estava apaixonada e não podia afastar-se dele, embora já estivesse convencida de que o belo jovem não desejava sua presença. Com o passar dos dias Eco começou a chorar, ia definhando dia-a-dia e, a cada indelicadeza de Narciso, corria a ocultar-se aos pés de uma rocha; passava dias inteiros sem alimentar-se e já estava reduzida a pele e osso, enquanto sua voz continuava a repetir a última sílaba das palavras que ouvia, como se fosse um eco nas montanhas. Sua beleza murchou lentamente e dela nada mais restava a não ser os ossos e um tênue fio de voz. Os deuses, porém, condoídos, transformaram-na em uma rocha e, ainda hoje, todos quantos passam diante de uma rocha e pronunciam alguma palavra, ouvem um Eco, que lhes repete a última sílaba. Por causa disso, Nêmesis, a deusa da vingança, resolveu punir Narciso. Desceu ao Olimpo e, assumindo o aspecto de uma caçadora, aproximou-se de Narciso, propondo-lhe conduzi-lo a um lugar rico de caça. O belo jovem seguiu-a de boa vontade, e ela o levou para um lugar jamais visto antes; era uma belíssima clareira circundada de altas árvores, e em cujo centro se encontrava uma fonte de águas cristalinas e imóveis. Nêmesis levou-o para bem perto da orla da fonte e convidou-o a curvar-se para beber aquela cristalina água. E então Narciso viu a coisa mais bela da Natureza, seu próprio rosto. 
                  Curvado sobre a água, permaneceu longamente a contemplar sua própria imagem, enquanto Nêmesis lhe murmurava ao ouvido, com voz fria: 
                  - Permanecerá para sempre aqui, Narciso; permanecerá pela eternidade afora, a contemplar seu rosto, mais belo do que aquele de todas as ninfas e de todas as deusas. Nenhum coração de mulher sofrerá mais pela sua beleza, que você agora ficou conhecendo. Este era o significado da profecia de Tirésias!
                  E Narciso ali ficou, curvado sobre a água, incapaz de afastar-se da visão da própria imagem, para sempre.

Quando você dá um grito num vale cercado de natureza, ouve sua voz ecoando; é a ninfa Eco que ali está lhe respondendo. 
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Adaptação: Nicéas Romeo Zanchett 

segunda-feira, 11 de junho de 2018

O TOSÃO DE OURO - Adaptação Nicéas Romeo Zanchett

                 

             
          Como Hele e Frixo, filhos de Néfele, fugiram da nativa beócia para a longínqua Colchídea, montados num ariete voador, de velocino de ouro. 
              Um mundo maravilhoso, era a Hélade: o alegre canto de seus regatos, o farfalhar de suas árvores, o frescor de seus bosques, onde ecoavam, para quem soubesse entendê-los, os rios das Ninfas. As cristas verdes-azuis das Oceaninas apareciam por entre o brilho das ressacas; nos montes, tinham assento os deuses imortais, poderosos dirigentes do Universo. E, frequentemente , os senhores do céu, ou as invisíveis criaturas do mar e da terra, misturavam-se aos homens, participando de sua vida, realizando prodígios ou evocando monstros fabulosos. Um aríete de velocino (tosão) de ouro, cintilante ao sol, qual uma enorme joia, voa sobre a imensidão do mar, que, daquelas alturas, parece confundir-se vertiginosamente com o céu. Traz, ele, na garupa, dois meninos, Frixo e Hele, filhos do rei Atamante e de Néfele, a deusa das nuvens. A mãe enviou-lhes o prodigioso animal, a fim de que os leve para um país distante, onde as perseguições de uma mulher perversa nunca possa alcançá-los. Mas , infelizmente, apenas Frixo chegou ao seu destino, porque Hele, vencida pela vertigem das alturas, precipitou-se nas águas do mar Egeu. 
                  O divino Aríete chega às remotas costas da Colchídea, sob a cordilheira do Cáucaso; lá, Frixo encontra abrigo e imola aos deuses o precioso animal, cujo velocino (pele de carneiro), pendurado a uma árvore, é posto sob a guarda de um enorme e feroz dragão. 
              Muitos anos depois dos fatos aqui narrados - e que são apenas o prólogo de nossas vicissitudes - um jovem pastor, de aspecto agradável e nobre, entrava na cidade de Iolco, na Tessália. Pelas ruas da cidade transita o jovem pastor, trazendo uma só sandália, pois a outra perdera vadeando um rio. Apesar de seu pobre traje, ele era filho do senhor daquela cidade, destronizado muito tempo antes, pelo irmão; criado às ocultas, entre as pastagens do Monte Pélion, o jovem Jasão (tal era o nome do estranho pastor) vinha agora à terra de seu pai, a fim de reivindicar seus direitos. Mas, embrenhando-se pelas ruas da cidade, viu-se alvo de extraordinária agitação por parte dos transeuntes. O povo logo reconhece: é o homem do Oráculo; "O homem do Oráculo!, gritavam de todos os lados. Realmente, o  usurpador Pélio ouvira o oráculo de Delfos dizer que ele seria deposto, por sua vez, por um homem de uma só  sandália; e Jasão, ao atravessar um rio, perdera, realmente, uma sandália e caminhava com um só pé descalço. 
                   Prevenido de sua chegada, Pélio mandou chamá-lo e perguntou-lhe bruscamente: 
                  - Que faria você se o homem destinado a matá-lo caísse em suas mão?
                  E este lhe respondeu prontamente: 
                  - Eu o mandaria à conquista do velocino de ouro.
                - Muito bem - disse Pélio, satisfeito, pois sabia que a tarefa era perigosíssima - então pode preparar-se para partir. 
                 Jasão, ávido de aventuras, sentiu-se feliz. Reuniu em torno de si os maiores heróis de Hélade - Hércules, o divino cantor Orfeu, Linceu, de olhar agudíssimo, Teseu, os dois filhos do vento Bóreas, os divinos gêmeos Castor e Pólux - e passou a construir um navio, com os abetos (árvoes nativas) do Pélion,  e lançou-o ao mar; ao barco, o mais lindo que jamais se tinha visto, ele deu o nome de Árgus, em homenagem ao seu idealizador. 
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                  Zarpando de Iolco, com vento propício, o navio, carregado de heróis, velejou rumo à Colchídea, onde chegou, após muitas peripécias. E ali, os Argonautas (Assim ficaram sendo chamados os aventureiros heróis) encontraram um auxílio valioso e inesperado de parte da filha do rei, Medéia, habilíssima fada. 
                 Com poucas palavras, de incompreensível significado,  a moça conseguiu adormecer o dragão que vigiava o precioso velocino de ouro; portanto, Jasão conseguiu apanhar a preciosa pele, truncou com um golpe de espada a cabeça do dragão e fugiu para seu barco, com a belíssima Medeia, que ele pretendia desposar. 
                A viagem de volta, sob o céu límpido do Mediterrâneo, foi rápida e tranquila; Pélio, quando viu surgir, no horizonte, a vela branca do Árgus, fugiu às pressas,  furioso, e abandonou o trono, que foi parar às mãos de seu legítimo herdeiro, o glorioso sobrinho. 
Adaptação: Nicéas Romeo Zanchett 
                 

domingo, 10 de abril de 2016

OS DOZE TRABALHOS DE HÉRCULES

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              Os antigos gregos cultivavam a beleza nas artes e nas letras tanto como apreciavam a força física natural. Por isso concederam a Hércules as mais altas honras entre todos os seus heróis e tornaram-no como símbolo da força. A frase "os trabalhos de Hércules" chegou a ser conhecida e empregada em todo o mundo, e alguns destes trabalhos citam-se isolados, muito frequentemente. Por exemplo: "limpar as cavalariças  de Augias" significa limpar alguma coisa quase impossível de ser limpa. 
               Hércules, na sua juventude, despertou a inveja de Euristeo, rei de Argolis, ao qual os deuses tinham conferido poder para realizar uma serie de serviços. Euristeo encarregou Hércules de realizar as doze difíceis tarefas que veremos a seguir. 
A serpente de cem cabeças 
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                  Hidra era uma serpente aquática de sete ou de nove cabeças que cresciam instantaneamente quando as cortavam. Semelhante monstro causou estragos na província de Argolis devorando homens e animais que atraia ao pântano onde se refugiava. 
                  Hércules recebeu a ordem de matá-la e, ajudado pelo seu amigo Yolas, cortou a cabeça da fera e aplicou tochas acesas nas feridas; depois molhou as suas flechas no sangue venenoso, para que as suas feridas se tornassem incuráveis. 
A morte do leão 

                Na província de Argolis havia um terrível leão que chegou a ser o terror dos habitantes. Sempre que sentia fome saia da floresta e passava a devorar as pessoas que encontrava pelo caminho.  A fera era tão grande quanto temida e ninguém nunca teve coragem de enfrentá-la; não havia flechas  ou outras armas que conseguissem trespassar a sua pele. Apesar de todo o perigo, Hércules apanhou o leão com os seus poderosos braços, obrigou-o a deitar-se no chão sobre as espáduas e cainho de joelhos sobre ele estrangulou-o com as mãos. Em seguida o herói tirou-lhe a pele e passou a usá-lo sobre seus ombros.  
A prisão da corça sagrada. 
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                Nas montanhas Ceryneas vivia uma linda corsa que era consagrada a Diana, a deusa da caça. Tinha as hastes de ouro, e corria tão velozmente que ninguém conseguia apanhá-la. Hércules foi incumbido de capturá-la e levá-la viva à presença de Euristeo; e, depois de uma longa caçada, que durou mais de um ano,  o nosso herói conseguiu apanhá-la numa caçada nas florestas do sul da Grécia.  
                 Ao regressar vencedor, soube que Diana estava furiosa; mas a deusa ficou muito entusiasmada quando tomou conhecimento sobre a história do herói.
As cavalariças de Augias

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                Um dos trabalhos de Hércules, que chegou a ser conhecido em todo o mundo, foi a limpeza das cavalariças (currais) de Augias; pois essa era a forma que se chamava qualquer tarefa impossível de ser realizada. 
                Augias era o rei de Elida e proprietário de cerca de três mil cabeças de gado. As cavalariças onde ficavam os animais nunca eram limpas e, dessa forma, chegaram a ficar tão sujas que sua limpeza parecia impossível. 
                Hércules incumbiu-se dessa grande tarefa. Para executá-la derrubou um muro de forma a desviar o curso de um rio fazendo-o passar pelas cavalariças (currais). Com inteligência e fazendo uso da água do rio ele conseguiu essa grande façanha. 
O javali da Arcádia
                No monte de Erymantho mora um enorme javali que chegou a destruir toda a vizinhança da cidade. Sai sempre em excursões matando pessoas e animais que encontrava em seu caminho. 
                Hércules foi encarregado de capturá-lo. A fera já tinha resistido a todos os ataques astuciosos dos pastores e caçadores de Arcádia e sempre continuava suas destruições. Ao ver Hércules, a fera que já conhecia sua história, deu meia volta e fugiu rapidamente para as montanhas onde seu perseguidor consegui apanhá-la e finalmente levá-la à corte do rei Euristeo: Mas o soberano tinha tanto medo daquela fera que foi esconder-se dentro de um barril para não vê-la. 
Os pássaros com azas e metal

              O lago de Stymphale, na Arcádia, era cercado por florestas pantanosas que estavam  minadas por aves de rapina cujas azas, garras e cabeças eram de metal; e só se alimentavam com carne humana e de animais domésticos. 
               Ninguém mais estava seguro e por isso Hércules foi chamado pelo rei para destruí-las; mesmo o herói encontrou grandes dificuldades para tal tarefa pois seus ninhos era inacessíveis; lembrou-se então de Minerva, deusa dos heróis, e esta deu-lhe uma espécie de corneta de metal que fazia muito barulho e com som muito agudo. Hércules posicionou-se  ao lado do lago e começou a tocá-la com toda sua força; imediatamente os pássaros assustados com aquele enorme barulho, fugiram abandonando seus ninhos. Hércules, com suas flechas envenenadas, matava-as no momento em que atravessavam pela sua frente. 
O terrível touro de Creta.

               Minos, rei de Creta, ilha situada ao sul da Grécia. prometeu a Netuno, deus dos mares, sacrificar-lhe um touro; em vista do tamanho e beleza do animal, Minos achou que era preferível ficar com ele. Mas, em pouco tempo, o furioso animal começou a destruir as searas da ilha. Hércules foi chamado à presença do rei e incumbido de caçá-lo vivo. 
               Aconteceu, porém, que Euristeo deixou-o em liberdade. O touro, atravessou o istmo -(estreita faixa de terra)-de Corinto e foi devastar o vale de Marathon em Ática.
Os cavalos que comiam homens
              Diomedes, rei da Trácia, foi tão cruel que chegou a adquirir o hábito de jogar todos os forasteiros que chegavam à sua corte para seus animais devorá-los.
              Hércules, em companhia de alguns corajosos amigos, foi até Trácia e juntos atacaram o poderoso tirano e em seguida jogaram-no para seus próprios cavalos devorá-lo.  Em seguida Hércules afugentou os animais fazendo-os atravessar o mar e levando-os a Micenas, onde os obrigou a refugiarem-se nas montanhas que ali foram despedaçados por outras feras. 
O cinturão da rainha das amazonas.
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               O nono trabalho de Hércules obrigou-o a fazer uma longa viagem. Fora enviado à procura do cinturão de Hypólita, rainha das belicosas amazonas que viviam em Scythia, país que depois passou a ser a Rússia. 
                Uns dizem que, depois de ferozes combates, conseguiu matá-la e outros afirmam que apenas a fez prisioneira, obrigando-a a casar-se com o seu amigo Tereno; o importante é que conseguiu o objetivo desejado e levou seu famoso cinturão a Euristeo. 

O combate com os gigantes. 
                            
               Longe da Grécia, no oceano denominado Oriental, havia uma ilha de gades.Uns viajantes vindos de lá deram a notícia da existência d'um gigante chamado Geryon, que possuía um belo rebanho e um cão para vigiar. Este cão tinha duas cabeças.
                Hércules foi mandado para apoderar-se do rebanho. Muitos poetas gregos escreveram sobre este assunto, destacando entre os feitos mais heroicos, aquele em que, extenuado, Hércules quis matar, com as duas flechas o deus sol, o qual admirado de tal audácia, deu-lhe uma grande jarra de ouro na qual ele foi, por mar, à ilhota, atravessando o estreito de Gibraltar. 
                Conseguiu matar o cão das duas cabeças e os guardas, mas no momento em que se dispunha a retirar-se, com o rebanho, apareceu Geryon, que o agarrou com força. 
                Depois dessa terrível luta o gigante ficou vencido, mas, mesmo assim, Hércules não conseguiu realizar seu intento pois apareceu outro gigante que cuspia fogo e roubou-lhe várias cabeças de gado, forçando-os a andar para traz, de marcha ré, de forma que suas pegadas não fosse vistas e escondeu-as num subterrâneo.  Mas, apesar de tudo, tal precaução não surtiu efeito e Hércules ouviu-lhes os passos e pode finalmente recuperar os animais e matar Caco. 
         As maçãs de ouro 
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                Num lindo país do Oeste da África viviam uma ninfas chamadas as Hespérides, cuja missão era vigiar a fruta que a mãe terra tinha oferecido à deusa Juno como prenda de casamento.
                Um dragão que nunca dormia guardava os pomares onde se produziam as maçãs de ouro e o caminho que para ali conduzia era cheio de enormes dificuldades. 
                Depois de muito caminhar e enfrentar cruéis luta com gigantes, todas com bom resultado, Hércules conseguiu apanhar Nereo, um dos deuses do mar, o qual se transformou de mil maneiras quando tentava livrar-se dos braços que o retinham; mas vendo a inutilidade dos seus esforços, recuperou a sua forma natural e enviou Hércules para buscar Atlas que o ajudou a procurar a fruta tão desejada com a condição de que este devia sustentar o peso do mundo enquanto ele estivesse ausente. 
O roubo de Cerbero 

                 À entrada de Hades, moradia dos mortos, estava de guarda um cão de três cabeças chamado Cerbero, e a sua missão era impedir a entada e vivos ou a saída dos mortos. 
                 Plutão, o rei sombrio do país dos mortos, concedeu a Hércules o favor de levar o cão para a plena luz do dia com a condição de que não fizesse uso das suas armas. Hércules conseguiu o seu intento devido à sua força corporal e chegou a devolver o cão ao seu dono sem lhe ter causado nenhum mal. 
                 Já livre dos seus trabalhos, Hércules foi viajar pelo mundo, levando a cabo milhares de façanhas heroicas e nobres. 
                NOTA FINAL
                Nestas histórias de Hércules devemos ver a representação poética  da humanidade, o símbolo dos homens generosos que combatem os males que afligem nosso planeta Terra. 
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Nicéas Romeo Zanchett





sexta-feira, 16 de agosto de 2013

O CASTIGO DE ARACNE - Nicéas Romeo Zanchett


O CASTIGO DE ARACNE 
Por Nicéas Romeo Zanchett
                   Aracne foi uma belíssima tecelã que vivia na Lídia e era muito talentosa para criar lindos desenhos para seus artísticos bordados.
                    Para admirar seu belíssimos trabalhos todos gostavam de visitá-la em seu atelier. Um dia ela recebeu a visita de duas ninfas que viviam num bosque próximo à sua casa. Admiradas por seu talento, elas lhe perguntaram: 
                    - Quem te ensinou a fazer esses belíssimos bordados? Com certeza foi a deusa Minerva!
                    - A deusa Minerva? respondeu com orgulho a jovem tecelã. Estão muito enganadas. Todos os meus bordados são fruto de minha imaginação e habilidade. Minerva nunca me ensinou nada!
                    - Você é mesmo muito soberba, Aracne, replicaram as ninfas. Pois deveria venerar a deusa, em lugar de desprezá-la. Que é habilidosa e capaz, não há duvida; entretanto, nenhum mortal pode competir com a deusa Minerva, filha de Júpiter! 
                    Em seguida retiraram-se, em sinal de reprovação ao que lhes dissera a bela e orgulhosa jovem tecelã. 
                     Passados alguns dias, Aracne ouviu que a estavam chamando à porta de sua casa.  Era uma senhora muito velhinha, com o rosto já coberto de rugas e cabelos muito brancos e ralos que cobriam sua fronte. A estranha anciã suplicou humildemente: 
                     - Tenho ouvido muitos elogios ao seu trabalho e gostaria de admirá-los. Me deixa entrar um pouquinho para apreciá-los de perto?  
                     - Pois não minha boa vovozinha, pode entrar! - respondeu Aracne gentilmente.
                     - A velhinha entrou e mancando apoiada em uma bengala, caminhou lentamente aproximando-se do tear da jovem tecelã. 
                     - Realmente você é muito talentosa - disse meigamente - mas é melhor que não seja muito orgulhosa por isso. Ouvi as pessoas falarem o que você disse às ninfas do bosque e vim até aqui para lhe dar um conselho. Não desafies a deusa Minerva. A nunca conheceu alguém que tivesse mais talento que ela e, se viesse até aqui e visse seu trabalho, certamente haveria uma competição na qual você sairia vencida. 
                       Mas Aracne não se intimidou e disse: 
                       - Já falei e repito, não tenho medo e estou pronta para competir com ela quando quiser, respondeu impetuosamente Aracne.  

                       Ao ouvir essas palavras, a velhinha que até então estava curvada, ergueu o busto, endireitou o o corpo tornando-se esbelta e elegante; as rugas desapareceram de seu rosto, os cabelos se encorparam e tornaram-se vistosamente ruivos, e as vestes velhas e surradas transformaram-se em riquíssimos trajes.. 
                       - Heis-me aqui, Aracne. Você queria competir comigo, pois estou aqui. vamos ver quem é mais habilidosa. 
                       A deusa sentou-se diante de um tear de oro,  que ali foi levado por mãos invisíveis, e a mortal donzela tecelão foi sentar-se junto ao seu tear de madeira. 



                      Ambas trabalharam dias e noites, sem descanso, silenciosamente. O desejo de vitória que cada uma tinha dava-lhes força e tornava-as infatigáveis. 
                      Minerva produziu, em sua tela, o Monte Olimpo com o palácio de Júpiter e todos os deuses. Aracne, por sua vez representou algumas aventuras e episódios da vida dos próprios deuses. 
                     Os dois trabalhos ficaram maravilhosos, absolutamente impecáveis. As figuras bordadas pareciam vivas, dotadas de movimentos, animando com sua presença os fundos perfeitamente desenhados e de harmoniosos coloridos. Mas o trabalho de Minerva resplandecia como iluminado por uma luz misteriosa... E isso não acontecia com a belíssima obra de Aracne. 
                     - Seu trabalho é realmente esplêndido, sem qualquer defeito, disse a deusa, com acentuação severa na voz e trêmula ira. - No entanto, o meu possui uma luz divina, que nenhum trabalho mortal poderá ter! 
                     Sentido-se vencida e humilhada, Aracne inclinou a cabeça. 
                     E então Minerva, com voz terrível, disse-lhe: 
                     - Que tua arrogância seja castigada!  E com suas implacáveis mãos destruiu o trabalha da jovem tecelã. 
                      A comoção de Aracne foi tão violenta que ela sentiu-se desfalecer e pensou que estava morrendo.
                    - Não! Você não morrerá! afirmou a deusa com a voz já um tanto meiga e vencida pela compaixão. Viverá, embora sob outra forma, e sua vida sempre estará pendente de um fio...
E assim dizendo, tocou Aracne com a ponta de sua lança. O corpo da donzela começou a contrair-se, a reduzir-se, tornando-se pequeno e escuro; os braços e pernas dividiram-se pata formar oito patas e a sua formosa cabeça transformou-se em cabeça de um bicho estranho, de olhos saltados... A soberba donzela fora transformada em aranha.  
                   Foi a partir desse dia que a aranha passou a tecer e tornar a tecer a sua teia, cujos fios, na sua delicadeza, refletem os raios do sol.
 
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Nicéas Romeo Zanchett 
LEIA TAMBÉM >>>  CONTOS E FÁBULAS DO ROMEO
 

terça-feira, 4 de junho de 2013

O NASCIMENTO DE MINERVA, FILHA DE JÚPITER

O NASCIMENTO DE MINERVA, FILHA DE JÚPITER
                  Apesar de ser um deus, Júpiter, às vezes, padecia de certas dores físicas, como qualquer mortal. Um dia acordou com fortes dores de cabeça e, como era muito impaciente, pensou: 
                  - Preciso acabar com essa dor; o melhor é abrir logo a minha cabeça para saber o que há lá dentro que me causa tanta dor. 
                  Imediatamente mandou chamar seu amigo Vulcano; era o deus mais feio do Olimpo; por ser ferreiro, estava sempre sujo de fumaça e carvão produzidos por sua forja, onde passava o dia inteiro a trabalhar. Todos os conheciam porque era o ferreiro do Olimpo. De suas prodigiosas mãos saiam os mais diversos objetos de metal e ferro, além de joias com cintilantes pedras preciosas incrustadas em ouro e prata. 

                  Ante o chamado imperioso de Júpiter, Vulcano, que além de feio era coxo e caminhava puxando de uma perna para o lado, foi logo atender o deus. Lá chegando disse ao soberano: 
                  - Pronto - estou aqui para atendê-lo. 
                  Então Júpiter explicou que estava sentindo uma terrível dor de cabeça, e ordenou que lhe abrisse o crânio para ver o que havia de errado ali. E disse-lhe:
                  - Não hesite! - abra logo meu crânio - já não estou mais suportando essa dor.
                  Perante esta estranha ordem, Vulcano ficou sem saber o que fazer, mas resolveu obedecer e, com uma machadada precisa, rachou o crânio do deus em duas partes.
                   Qual não foi seu espanto! ... Como um pintinho que sai do ovo, uma linda mulher saiu da cabeça do soberano; sua beleza era surpreendente. Sobre seus cabelos ruivos cintilava um belo capacete de ouro; seu peito era protegido por uma fulgente couraça de aço polido; em sua mão reluzia uma aguda lança. Surgiu desferindo um grito de júbilo. Todos os deuses correram para saudar e festejar a maravilhosa deusa Minerva, nascida da cabeça de Júpiter. 
                    Minerva é a deusa dos artesãos, mas tinha muitos outros atributos. 
Nicéas Romeo Zanchett 
LEIA TAMBÉM > EDUCOPÉDIA LITERATURA
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No próximo episódio a deusa Minerva dá uma lição de humildade na artesã Aracne, que era muito orgulhosa.
Nicéas Romeo Zanchett

 

JÚPITER RECONQUISTA SUA AMADA JUNO


JÚPITER RECONQUISTA SUA AMADA JUNO
                  Júpiter já não aguentava mais a saudade de sua amada Juno. Pensando no melhor modo de resolver a situação, lembrou-se que na Beócia vivia o rei Cítero, famoso por sua astúcia. Imediatamente foi ter com ele e narrou-lhe o que tinha acontecido. Cítero, homem bastante habilidoso, mandou fazer uma belíssima boneca de madeira, do tamanho de uma mulher; mandou vesti-la ricamente e com toda a arte; colocou-a num carro puxado por majestosos touros brancos, de enormes chifres. Mesmo de perto, parecia uma mulher de verdade e, mais ainda, uma ninfa celestial. 
                   - Espere-me em meu palácio, disse a Júpiter, e deixe-me agir. 
                   Pôs o carro em marcha e começou a percorrer a terra, anunciando por toda a parte que sua companheira era a noiva de Júpiter. Seu objetivo, obviamente, era provocar ciúmes em Juno, o grande amor que Júpiter queria reconquistar. 
                   Certa manhã, a velha madrinha de Juno, Macri, soube do que iria acontecer, ou seja, um novo casamento de Júpiter. Imediatamente foi contar à sua afilhada. Juno, ao saber que seu amado já estava para se casar com outra, ficou muito despeitada e sofreu amargamente.
                  O plano de Cítero dera certo. A deusa Juno, não se conformou com aquela situação e, sem perder tempo, saiu à procura do carro; ao avistá-lo foi em sua perseguição. Quando o alcançou, morrendo de ciúmes, num arrebatamento de ira, atirou-se contra a boneca, rasgando-lhe as ricas vestes e arrancou o véu que lhe vedava o rosto... Qual não foi sua surpresa e desapontamento, quando viu que sua rival não passava de uma boneca de pau!
                  A princípio ficou muito zangada com Júpiter por tê-la feito de boba perante todos. Mas, logo a seguir, compreendeu que ele havia recorrido a esse estratagema porque a amava muito e ansiava pela reconciliação. Convencida, Juno se pôs a rir e ocupou, no carro, o lugar da suposta rival.
                     Cítero, então, levou-a de volta para os braços de Júpiter, que não se cabia de tanto contentamento. O ciúme e o medo de perder seu amor, fizeram-na compreender que foram feitos um para o outro.
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Nicéas Romeo Zanchett 
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No próximo episódio, você saberá como foi o nascimento MINERVA, filha de Júpiter e Juno.
Nicéas Romeo Zanchett  

O CASAMENTO DE JÚPITER

                                                     O CASAMENTO DE JÚPITER
             Tudo estava bem no palácio, mas Júpiter sentia a falta de uma companheira que lhe fose totalmente fiel; sabia que uma esposa viria alegrar sua vida; desceu à terra e encaminhou-se para a ilha de Eubéia, onde morava uma bela jovem chamada Juno; ela tinha grandes olhos azuis, cabeleira longa e braços branquinhos como a neve. Juno residia em companhia de de sua madrinha, a velha e amorosa Macri. 
               Era inverno e fazia muito frio, mas, mesmo assim a jovem Juno resolveu dar um passeio pelos campos. De repente, percebeu o rumor de asas, e um pássaro de penas escura pousou em seu ombro; era um pardal, que tremia de frio. Juno acariciou-o com doçura, acalentando-o com seu suave sopro morno para enxugá-lo da neve que caía.  Mas subitamente, o pardal voou e, em seu lugar, apareceu a majestosa figura de Júpiter.


                    - Oh, belíssima Juno! disse-lhe o deus. Desejo que seja minha esposa e que venha morar comigo no palácio do Monte Olimpo. Ela sentiu-se muito honrada e foi embora com o deus Júpiter, não sem antes avisar sua querida madrinha, que ficou muito feliz com a notícia.
                    O casamento foi celebrado com grandes festas e os deuses acolheram com júbilo a nova soberana.  A festa no palácio durou vários dias e noites.

                    Júpiter e Juno amavam-se muito, mas não se pode dizer que sempre viveram em harmonia.
                    Como se sabe, o rei dos deuses tinha um gênio muito difícil; era impetuoso e não aceitava ser contrariado. Uma de suas exigências, causada pelo seu ciúme, é que Juno nunca deveria sair do Olimpo. Ela nunca gostou disso e quando ele se ausentava  para realizar uma viagem à terra, em cumprimento de seus deveres de soberano divino, sempre o recebia no regresso com ásperas repreensões. O deus respondia com impaciência e isso provocava grandes discussões entre eles. Nessas ocasiões o céu escurecia e desencadeavam-se grandes tempestades de chuvas, com ventos, raios e trovões. 

Mas, no momento em que o casal se reconciliava aplacavam-se a fúria dos elementos do universo e tudo voltava à calmaria.
                       Geralmente esses aborrecimentos não duravam muito porque havia muito amor entre eles. Mas, um dia em que Júpiter se encontrava muito irritado, mais do que o de costume, Juno, exasperada, tomou uma decisão: 
                       - Vou abandonar o Olimpo; dessa forma não vou mais viver aqui.   E desapareceu num repente. 
                        Júpiter ficou muito triste com isso; queria sair à procura de sua amada Juno para trazê-la de volta ao palácio. Mas como era muito orgulhoso, não quiz dar o braço a torcer e ficou esperando que ela se arrependesse e voltasse espontaneamente. Como ela não voltava, ele teve de tomar uma decisão radical. 
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Nicéas Romeo Zanchett  
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No próximo episódio você saberá qual foi a estratégia que o deus Júpiter usou para trazer de volta sua amada Juno.
Nicéas Romeo Zanchett